Saturday, April 14, 2007

Autocondescendência

Acordara novamente. Novamente? Talvez nem tivesse dormido. No fundo, algumas palavras suspensas no ar e risadas. Como detestava risadas alheias! Lembrou de quando ele a perguntara o porquê desse amargo tão infundado. E ela garantiu que não era amargo ou mesmo inveja, o problema é que as pessoas só riem das coisas erradas.
Olhou pela janela e avistou a rua. Aquela rua que lhe era tão familiar em seu passado de alguns meses atrás. Não sabia de onde tirava essas idéias, esses fôlegos renovados para errar novamente os mesmos erros com a mesma pessoa. Finalmente avistou o portão preto e teve vontade de ajoelhar frente à ele, não sabia se rezava por ela ou por ele. Mas se segurou. O seu peito não. As mesmas batidas aceleradas quase o explodiam enquanto o elevador subia até o terceiro andar. Tudo continuava a mesma coisa, tudo tinha cheiro de lar. Riu.
É, as pessoas só riem das coisas erradas.