Saturday, April 28, 2007

A Line Allows Progress, A Circle Does Not

Outro dia um amigo me perguntou o quê significava exatamente o nome desse espaço, o quê me motivou a fazer uma pausa nisso que eu gosto de acreditar que possuem o status de textos e elaborar tardiamente uma introdução mais adequada.
Para os não familiarizados com a estrutura retórica americana, resumo que é muito usada no jornalismo e até em narrativas para apresentar um fato com pontos de vista divergentes.

Os dois lados, sempre há eles. Opostos ou não, mas ainda dois lados. Dualidade sempre foi o meu forte, quase a minha religião. E aqui me entrego à eles. Me divido sempre em duas, nunca em todas as pessoas que conheço por aí e talvez esse seja meu eterno erro. Minha letra escarlate.

Bem vindos aos meus dois lados da moeda.
Contrasting and comparing.

Friday, April 20, 2007

Sinceridade

Maria Eduarda se despiu. De suas roupas e de toda a culpa impregnada em sua criação cristã ao tirá-las na casa de um estranho. Ajoelhou-se, com seus olhos de cachorros tão sinceros e amorosos. O amava. Mesmo que o conhecesse por algumas horas, sabia que o amava mais do que tudo naquele momento. Aquele ritual era quase religioso: ajoelhar, engolir o gozo para, enfim, dormir tranquilamente.
Ele a olhava e não havia como negar aquilo que ela pedia. Pedia não, implorava com aqueles olhos. Alguns segundos depois já a odiava. Aquele corpo estranho de mulher em seus lençóis comprados por sua mãe. Sentiu repulsa, dela e de si mesmo.
- Essas putinhas que procuram amor no meio das pernas. Lolita Pilles do inferno!

Maria Eduarda era uma deusa. Lindíssima, macérrima, cheia de extremos. Não havia como não desejá-la até mesmo quando ela acordava de seu breve sono e vestia apressadamente seu vestido amassado. Como deusas se transformam em seres desprezíveis após uma gozada? Ela, provavelmente, seria a última a desvendar esse mistério.

- Já vai?
- Sim... trabalho amanhã, essas coisas.
- Claro. Bem, você pode ligar, sabe? A gente deveria fazer isso novamente.
- Ahm, claro.

Olhou para os lençóis dele novamente. Nunca havia visto lençóis tão sagrados e meticulosamente escolhidos pelo dedo materno. Disse adeus. Sabia que era a última vez que o via.
- Esses filhinhos de mamãe que brincam de viver. Patéticos!

Saturday, April 14, 2007

Autocondescendência

Acordara novamente. Novamente? Talvez nem tivesse dormido. No fundo, algumas palavras suspensas no ar e risadas. Como detestava risadas alheias! Lembrou de quando ele a perguntara o porquê desse amargo tão infundado. E ela garantiu que não era amargo ou mesmo inveja, o problema é que as pessoas só riem das coisas erradas.
Olhou pela janela e avistou a rua. Aquela rua que lhe era tão familiar em seu passado de alguns meses atrás. Não sabia de onde tirava essas idéias, esses fôlegos renovados para errar novamente os mesmos erros com a mesma pessoa. Finalmente avistou o portão preto e teve vontade de ajoelhar frente à ele, não sabia se rezava por ela ou por ele. Mas se segurou. O seu peito não. As mesmas batidas aceleradas quase o explodiam enquanto o elevador subia até o terceiro andar. Tudo continuava a mesma coisa, tudo tinha cheiro de lar. Riu.
É, as pessoas só riem das coisas erradas.

Friday, April 13, 2007

Selfless, cold and composed

Isso aqui é uma forma de eu não me sufocar por aí com todo esse ego e palavras.
Um exercício para essa mão quase atrofiada de escritora falida que é teimosa e sonhadora demais para admitir o fracasso precoce.

I try to just smile
and say "Everything's fine"